domingo, 24 de julho de 2011

Dica de português!

Os significados de uma ofensa
Por Dílson Catarino

Toda ofensa representa uma injúria.

Um ex-aluno disse-me ter lido uma explicação sobre a palavra ofensa, que atenuava o significado dela. Pediu-me que lhe explicasse se isso é possível. Uso este espaço para lhe dar a resposta:

Caro ex-aluno, o substantivo ofensa tem vários significados. Quase todos parecidos uns com os outros. Há, porém, alguns que nos levam a sentidos completamente diversos. Vejamos:

O primeiro significado da palavra apresentada é injúria, que é o ato de injuriar. Injuriar, por sua vez, significa ofender por ação ou dito infamante, adjetivo que nos remete à acepção de dar má fama a alguém. Ou seja, haverá a injúria quando o sujeito da ação tiver a intenção de tornar público algo - inverídico - que não seja conhecido por todos.

Por exemplo, se chamarmos de corrupto um cidadão honesto, haverá a injúria. Essa é a acepção de ofensa que usamos costumeiramente em nosso país e que pode, inclusive, ser objeto de processo jurídico (advogados e estudantes de direito, não sei se esses são os termos adequados para isso - só me quis fazer entender).

Outro significado de ofensa, porém, é afronta, que nos remete ao sentido de afrontar, confrontar, enfrentar. Muitas vezes, quando há o confronto, quando há o enfrentamento, palavras pesadas são usadas.

Estas, no entanto, podem ser um rechaço, ou seja, a tentativa de o sujeito fazer seu oponente retroceder, opondo resistência a ele por meio de palavras supostamente ofensivas, uma vez que tenha sido vexado por ele. Seria uma espécie de autodefesa, a fim de levar seu adversário ao esgotamento. Este é o significado tênue de ofensa.

Por exemplo, se chamarmos de ignorante, em um confrontamento, um cidadão comprovadamente falto de inteligência, haverá a afronta, mas não haverá a injúria. São duas acepções bem diferentes.

O cidadão ofendido, nesse segundo caso, não pode se sentir injustiçado, posto que o que foi dito está conforme a realidade. Ele deve, sim, procurar saber qual a intenção da pessoa que supostamente o ofendeu e também analisar o que praticou antes de ser ofendido.

Aí está a explicação. Espero que tenha sido clara.
A frase apresentada, portanto, está inadequada. Corrigindo-a:

Nem toda ofensa representa uma injúria.

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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Conservatório seleciona alunos para curso de violão

O Conservatório Municipal de Música disponibiliza vagas para o curso de violão avançado, voltado para pessoas que já tocam o instrumento. As aulas são direcionadas para pessoas que têm conhecimento básico em teoria musical, com o objetivo de aprimorá-lo.

Os interessados deverão se dirigir ao Conservatório portando os documentos de identificação nesta segunda (25), pela manhã, e na terça (26), no turno vespertino. As vagas são limitadas.

O Conservatório está localizado na Rua Genésio Porto, 10, bairro Recreio. Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone 3422-8144.  

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Continuação

Como uma vírgula acabou com um namoro no dia dos namorados - Continuação
Por Dílson Catarino

Fico agora a pensar: cada vez que me chamava de princesa, sua mente produzia princeza? Não. É demais para mim. Não suporto tal provação. E a traição? Como a descobri? Você mesmo se delatou: '...minha namorada Austereza'. Assim escreveu você; sem vírgula. Assim escolheu me mostrar que tem outra namorada. Não teve coragem de me contar pessoalmente, contou-me por subterfúgio, e eu entendi.

Ao não colocar vírgula entre meu nome e o substantivo que ele especifica, mostrou-me que não sou a única. Se o fosse, ter-me-ia escrito '...minha namorada, Austeresa', com vírgula. Muito perspicaz foi você, dar-me a conhecer uma situação por meios gramaticais: substantivo próprio que especifica substantivo comum, sem vírgula entre eles, restringe, ou seja, há mais de um: 'Professora Austeresa', sem vírgula, pois não sou a única professora, há muitas; mas substantivo próprio que especifica substantivo comum, com vírgula entre eles, explica, ou seja, só há um: '...minha namorada, Austeresa', com vírgula; eu seria a única, mas não o sou; sei-o agora.

Aliás, nem me importo mais com o namoro. Mesmo não havendo a traição, não quero mais tê-lo como namorado, pois dois erros de português em uma única frase cometidos por um 'professor de português' é demais para mim. Adeus."

Nota do autor: Isto nem Austeresa atinou: o substantivo telo, na cidade de Beira, em Moçambique, é usado como sinônimo de jumento; e alonso, em uso informal, significa parvo, tolo, pateta.

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Dica de português!

Como uma vírgula acabou com um namoro no dia dos namorados
Por Dílson Catarino

Conta-se que, em Palmeirinha do Vale, cidade de dezessete mil viventes, que se situa perto de Santana do Arrebol do Oeste, havia uma professora de português, extremamente rígida, de nome Austeresa de Jesus. Ela era de tal modo rigorosa para com os alunos que estes temiam encontrá-la mesmo no dia a dia, na praça central, na mercearia, na farmácia.
Dizem que ela interpelava seus pequenos educandos, estivessem onde estivessem, sobre as mais variadas regras gramaticais. Ai de quem não soubesse a resposta: ela sacava seu caderninho rosa, anotava o nome da vítima, a pergunta que lhe fizera, a resposta dada --ou a falta dela-- e o quanto valia relativamente à nota escolar.

Dependendo do grau de dificuldade da pergunta, ela diminuía 0,1, 0,2 ou 0,5 da nota que o aluno tirasse na prova seguinte. Era um suplício para as pobres crianças palmeirinhenses.

Quando Austeresa era jovem, enamorou-se de um belo rapaz, também professor de português, de nome Telos Alonso. Ele, porém, não tinha a mesma capacidade intelectiva dela nem a mesma habilidade em sala de aula nem a mesma rigidez. Era um moleirão a bem dizer, que nem gostava muito de estudos aprofundados. As maldizentes até comentavam que ele não era homem para uma mulher como Austezinha, como a chamavam carinhosamente.

O namoro entre eles durou exatamente onze meses e vinte e sete dias. O estopim para o término do relacionamento foi um cartão que ele lhe mandara no dia dos namorados em que escrevera "Para a minha namorada Austereza de Jesus". Ao ler esses dizeres, quase teve uma síncope; chegou a perder o juízo. Pegou de uma caneta e imediatamente escreveu-lhe uma pequena carta, em que dizia:

"Telos Alonso, é de conhecimento geral em Palmeirinha que tolero os maiores sofrimentos, que suporto as maiores provações. É, no entanto, também comentário corrente que há duas situações que jamais enfrentarei: traição e erro gramatical. E você, meu ex-amado, acabou de cometer ambos: você, professor de português, sabe muito bem que os nomes próprios femininos formados pela posposição do sufixo -esa ao radical se escrevem com S, não com Z.

Como meu namorado há quase um ano ainda erra meu nome, trocando letras? Não me importo tanto pelo erro de meu nome, mas importo-me --e muito-- com o trocar letras. Poderia ter-me chamado de Austerise; não me atenazaria tanto, pois teria usado as letras adequadas: nomes femininos terminados em -ise se escrevem com S, como Denise e Anelise; mas ignorar que se escrevem com -ês e -esa nomes de pessoas, como Inês, Teresa e o meu, logicamente, Austeresa, adjetivos pátrios, como português e portuguesa, e títulos sociais ou nobiliárquicos, como camponês e camponesa, marquês e marquesa e ainda princesa, a maneira como me tratava, é demais para mim.

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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mais dica de portugês!!!

"Premiê quer descriminar a posse e o cultivo de maconha"Por Dílson Catarino


"Premiê quer descriminar a posse e o cultivo de maconha."

Um internauta interessado no estudo da língua portuguesa enviou-me um e-mail, perguntando se a frase não deveria ser estruturada com o verbo "discriminar" no lugar de "descriminar".

A resposta é não, já que "discriminar" significa "perceber diferenças, distinguir, discernir", como em "Ele não consegue discriminar o certo do errado".

O verbo "descriminar" tem o mesmo sentido de "descriminalizar", ou seja, "isentar de culpa, absolver, tornar evidente a ausência de crime ou contravenção", como em "O advogado não conseguiu descriminar seu cliente".

Denominamos as palavras que são muito parecidas na escrita de parônimas. Deve-se tomar muito cuidado ao escrever essas palavras para não se cometer inadequação. Veja mais alguns exemplos de palavras parônimas:

arrear = pôr arreios

arriar = abaixar

amoral = indiferente à moral

imoral = contra a moral, libertino, devasso

comprimento = extensão

cumprimento = saudação

conjetura = suposição, hipótese

conjuntura = situação, circunstância

deferir = conceder

diferir = adiar

descrição = representação

discrição = ato de ser discreto

despensa = compartimento

dispensa = desobrigação

despercebido = sem atenção, desatento

desapercebido = desprevenido

discente = relativo a alunos

docente = relativo a professores

emergir = vir à tona

imergir = mergulhar

emigrante = o que sai

imigrante = o que entra

eminente = nobre, alto, excelente

iminente = prestes a acontecer

infligir = aplicar pena ou castigo

infringir = transgredir, violar, desrespeitar

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dica de português 2!

"Quando se pretende (ou se pretendem?) avaliar os efeitos..."Por Dílson Catarino



"Quando se pretende avaliar os efeitos de uma decisão, deve-se avaliar primeiramente os motivos dessa decisão."



Essa frase seria perfeita num exame vestibular, pois cobra do estudante o conhecimento de uma das matérias da Gramática da Língua Portuguesa mais temidas por qualquer brasileiro que necessita escrever um texto: concordância verbal.



Perceba que há duas estruturas verbais muito parecidas: "se pretende avaliar" (ou "se pretendem avaliar") e "deve-se avaliar" (ou "devem-se avaliar"). Para saber como efetivar a concordância, deve-se ter conhecimento de análise sintática. Vamos à teoria:



O pronome "se" exerce várias funções sintáticas em uma oração. Ele pode ser Parte Integrante do Verbo, Objeto Direto, Objeto Indireto, Partícula Expletiva, Índice de Indeterminação do Sujeito e Partícula Apassivadora.



Será denominado Parte Integrante do Verbo quando acompanhar verbo pronominal, que é aquele que não dispensa o pronome em hipótese alguma. Como exemplo, os verbos arrepender-se, zangar-se, queixar-se e abster-se. Cada pessoa (eu, tu, ele, nós, vós, eles) tem seu próprio pronome integrante: me, te, se, nos, vos, se:



Eu me arrependo, tu te arrependes, ele se arrepende, nós nos arrependemos, vós vos arrependeis, eles se arrependem.



Será Objeto Direto ou Objeto Indireto quando complementar verbo transitivo direto ou verbo transitivo indireto, sendo, neste caso, pronome reflexivo, o que indica que o sujeito pratica a ação sobre si mesmo, ou que há dois elementos: um praticando a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.



Cada pessoa tem seu próprio pronome reflexivo: me, te, se, nos, vos, se: Eu me cortei, tu te cortaste, ele se cortou, nós nos cortamos, vós vos cortastes, eles se cortaram.



Verbo transitivo direto é aquele que exige um complemento sem preposição: cortar algo; comprar algo; recolher algo. Verbo transitivo indireto é aquele que exige um complemento com preposição: precisar de algo; assistir a algo; crer em alguém.



Será Partícula Expletiva, também chamada de Partícula de Realce, quando acompanhar verbo intransitivo com sujeito claro. Verbo intransitivo é aquele que não necessita de complemento; aquele que sozinho indica a ação do sujeito, como morrer, correr, dormir.



Cada pessoa tem sua própria Partícula Expletiva: me, te, se, nos, vos, se: Eu me morro de ciúmes de Clarice; Ele se foi para Cuba.



Será Partícula Apassivadora quando acompanhar verbo transitivo direto com complemento não preposicionado, que se transformará em sujeito paciente. Se o sujeito estiver no singular, o verbo também ficará; se o sujeito estiver no plural, o verbo também ficará. Somente o pronome "se" será partícula apassivadora:



Alugam-se casas; Compra-se carro batido; Estão-se transferindo os presos.

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Dica de português 1!

"Quando se pretende (ou se pretendem?) avaliar os efeitos..." - Continuação 2Por Dílson Catarino



O pronome "se", então, é partícula apassivadora, e o complemento verbal não preposicionado se transforma em sujeito. Como o sujeito está no plural, o verbo também deverá ficar:



"...devem-se avaliar primeiramente os motivos dessa decisão".


Passando-se a oração para a passiva analítica: Os motivos dessa decisão devem ser avaliados por alguém.



A primeira frase tem de ter análise diferente, já que não forma locução verbal. Cada verbo tem de ser analisado isoladamente:



"Quando se pretende (ou se pretendem?) avaliar os efeitos de uma decisão..."
Primeiro verbo: "pretende";Predicação verbal: pretende algo: verbo transitivo direto;Complemento verbal: pretende o quê? "avaliar os efeitos de sua decisão": complemento não preposicionado.

O pronome "se", então, é partícula apassivadora, e o complemento verbal não preposicionado se transforma em sujeito. Como o sujeito é uma oração, o verbo "pretender" deve ficar no singular. A frase apresentada, então, deve ser assim estruturada:

"Quando se pretende avaliar os efeitos de uma decisão, devem-se avaliar primeiramente os motivos dessa

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