"Se ele propor acordo, aceito."
Por Dílson Catarino
"Se ele propor acordo, aceito."
Há dois erros de conjugação verbal nessa frase:
- o primeiro erro é o verbo propor. Quando a oração se iniciar por se ou quando, o verbo estará no futuro do subjuntivo, e o verbo pôr e seus derivados, nesse tempo, conjugam-se -puser (se eu depuser, quando nós compusermos), e não -por;
- o segundo erro é o verbo aceitar, pois, na formação de período composto com futuro do subjuntivo, deveremos usar o futuro do presente (aceitarei).
Então a frase apresentada deverá ser elaborada desta maneira:
Se ele propuser acordo, aceitarei.
Também o pretérito imperfeito do subjuntivo -iniciado por se ou caso- do verbo pôr e seus derivados são estruturados ...pusesse... (se eu depusesse, caso nós compuséssemos), e não ...posse.
A maneira de se descobrir se um verbo é derivado de outro é conjugando-o, portanto um verbo será derivado de pôr, quando for conjugado como ele.
Por exemplo, a primeira pessoa do singular (eu) do presente do indicativo (todos os dias...) do verbo pôr é ponho (todos os dias eu ponho), portanto serão derivados de pôr todos os verbos que apresentarem essa terminação. Por exemplo:
Por exemplo Presente do indicativo Futuro do subjuntivo Pretérito imperfeito do subjuntivo
Propor Todos os dias eu proponho Se eu propuser Se eu propusesse
Repor Todos os dias eu reponho Se eu repuser Se eu repusesse
Depor Todos os dias eu deponho. Se eu depuser Se eu depusesse
Outros exemplos:
- Quando os músicos compuserem uma boa canção, patrocinarei a banda.
- Se o governador antepusesse sua assinatura, estaria comprometendo-se.
- Se o irmão dela se indispuser contra mim, reclamarei com a coordenadora.
E Mais...
"Quem sabe eu ainda sou uma garotinha..."
Dílson Catarino
"Quem sabe eu ainda sou uma garotinha..."
O talento da saudosa Cássia Eller, da qual sou fã e tenho todos os discos, lhe deu a credibilidade necessária para cantar o que bem entendesse. Aliás, alguns internautas me perguntam se não é permitido errar em músicas.
A questão não é que seja permitido "errar"; os compositores, poetas, romancistas, contistas, ou seja, os artistas em geral podem usar inadequações, a que chamamos de "licença poética" que é a liberdade que toma o poeta, algumas vezes, de transgredir as normas da poética ou da gramática, em benefício à harmonia e/ou à melodia da composição. Explicações dadas, voltemos à música de Cássia Eller:
A inadequação da letra da música "Malandragem", composta pelo igualmente saudoso Cazuza, está no uso do verbo "ser" no tempo denominado de "presente do indicativo" quando deveria estar no "presente do subjuntivo". Explico: a expressão inicial "Quem sabe..." indica dúvida, hipótese. Sempre que isso ocorrer, o verbo da frase deverá ser conjugado em um dos tempos do modo denominado de subjuntivo, que é o modo que indica desejo, hipótese, dúvida.
No tempo presente, que é o que ocorre com a música : "Quem sabe ainda...", o verbo "ser" deve ficar: "que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós sejamos, que vós sejais, que eles sejam". A letra, então, para se adequar aos padrões cultos da língua deveria ficar da seguinte forma:
"Quem sabe eu ainda seja uma garotinha..."
Em outro trecho da música, ela canta:
"Quem sabe o príncipe virou um chato..."
Dessa feita a expressão "Quem sabe..." não inicia frase no presente, e sim no passado, como indica o verbo "virou". Como é hipótese, novamente não se poderia usar verbo no modo indicativo. O tempo que indica hipótese atual (sabe) remetendo a ação para o passado é o denominado pretérito perfeito composto do subjuntivo, que deve ser assim conjugado: "que eu tenha virado, que tu tenhas virado, que ele tenha virado, que nós tenhamos virado, que vós tenhais virado, que eles tenham virado". A frase, então, deve ser assim estruturada:
"Quem sabe o príncipe tenha virado um chato..."
sábado, 13 de agosto de 2011
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