DOIS DE JULHO
Dois de Julho: celebração da liberdade baiana
A independência foi um movimento que iniciou-se ainda em 1821 e teve seu desfecho ao 2 de julho de 1823, motivado pelo sentimento federelista emancipador de seu povo, e que terminou pela inserção na formação da unidade nacional brasileira, durante a Guerra da independência do Brasil.
A partir da Conjuração Baiana (1799), estava arraigado no povo o sentimento de independência em relação a Portugal. Na Bahia gente humilde participou ativamente, colando cartazes nas ruas concitando o apoio de todos.
A Revolução do Porto (Portugal, 1820), teve enorme repercussão na Bahia, onde era grande o número de portugueses. Como desdobramento, em fevereiro de 1821 uma conspiração de cunho constitucionalista eclodiu em Salvador. Dela participaram Cipriano Barata, José Pedro de Alcântara, o capitão João Ribeiro Neves e outros. Preso o Comandante das Armas, soltos soldados presos, foi lida uma proclamação que exortava:
“Os nossos irmãos europeus derrotaram o despotismo em Portugal e restabeleceram a boa ordem da nação portuguesa (…) Soldados! A Bahia é nossa pátria e nós não somos menos valorosos que os Cabreiras e Sepúlvedas! Nós somos os salvadores do nosso país; a demora é prejudicial, o despotismo e a traição do Rio de Janeiro maquinam contra nós, não devemos consentir que o Brasil fique nos ferros da escravidão.”
E concluía: “Viva a constituição e cortes na Bahia e Brasil – Viva El-Rei D. João VI nosso soberano pela constituição. Marcha.”
Os conspiradores liberais pretendiam, como em Portugal, uma constituição que limitasse o poder real. Habilmente, alguns foram adrede convencidos de que a verdadeira luta deveria ser pela manutenção do soberano no Brasil, entre eles o futuro marquês de Barbacena, então marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes que, apesar de brasileiro, comandou a reação do governo, junto ao então coronel Inácio Luís Madeira de Melo. Lutas ocorreram até à vitória dos revoltosos, sendo aclamado ao povo, na Praça da Câmara, o novo estado de coisas. O Governador, conde da Palma, foi à Câmara e renunciou.
Portugueses e brasileiros estavam unidos, e constituíram uma Junta Governativa. Mas a situação não iria durar.
Movimentação pela independência:
Diante das insatisfações, começaram as guerras pela independência. Os oficiais militares e civis baianos passaram a restringir a Junta Provisória do Governo da Bahia, que ditava as ordens na época, e com esta atitude foi formado um grupo conspirativo que realizou a manifestação de 3 de Novembro de 1821.
Esta manifestação exigia o fim da Junta Provisória, mas foi impedida pela "Legião Constitucional Lusitana", ordenada pelo coronel Francisco de Paula e Oliveira. Os dias se passaram e os conflitos continuavam intensos. Muitos brasileiros morreram em combate.
Força portuguesa:
No dia 31 de Janeiro de 1822 a Junta Provisória foi modificada. E depois de alguns dias, chegou de Portugal um decreto que nomeava o brigadeiro português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, o novo governador de Armas. Os oficias brasileiros não aceitavam esta imposição, pois este decreto teria que passar primeiro pela Câmara Municipal. Houve, então, forte resistência que envolveu muitos civis e militares.
Madeira de Mello não perdeu tempo e colocou as tropas portuguesas em prontidão, declarando que iria tomar posse. No dia 19 de fevereiro, os portugueses começaram a invadir quartéis, o forte São Pedro, inclusive o convento da Lapa, onde haviam alguns soldados brasileiros. Neste episódio, a abadessa Sónor Joana Angélica tentou impedir a entrada das tropas, mas acabou sendo morta.
Concluída a ocupação militar portuguesa em Salvador, Madeira de Mello fortaleceu as ligações entre a Bahia e Portugal. Assim a cidade recebeu novas tropas portuguesas e muitas famílias baianas fugiram para as cidades do recôncavo.
Contra-ataque brasileiro:
No recôncavo, houve outras lutas para a independência das cidades e o fortalecimento do exército brasileiro. O coronel Joaquim Pires de Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o comando ao general Pedro Labatut. Este, assim que assumiu, intimidou Madeira de Mello.
Labatut organizou todo seu exército em duas brigadas e iniciou uma série de providências. Aos poucos o exército brasileiro veio conquistando novos territórios até chegar próximo a cidade de Salvador.
Madeira de Mello recebeu novas tropas de Portugal e pretendia fechar o cerco pela ilha de Itaparica e Barra do Paraguaçu. Esta atitude preocupava os brasileiros, mas os movimentos de defesa do território cresciam. E foi na defesa da Barra do Paraguaçu que Maria Quitéria de Jesus Medeiros se destacou, uma corajosa mulher que vestiu as fardas de soldado do batalhão de "Voluntários do Príncipe" e lutou em defesa do Brasil.
Em maio de 1823, Labatut, em uma demostração de autoridade, ordenou prisões de oficiais brasileiros, mesmo sendo avisado do erro que estava cometendo, e acabou sendo cassado do comando e preso. O coronel José Joaquim de Lima e Silva assumiu o comando geral do Exército e no dia 3 de Junho ordenou uma grande ofensiva contra os portugueses. Com a força da Marinha Brasileira, o coronel apertou o cerco contra a cidade de Salvador, que estava sob domínio português, restringindo o abastecimento de materiais de primeira necessidade. Diante destes fortes ataques e das necessidades que estavam passando, Madeira de Mello enviou apelos e acabou se rendendo. Com a vitória, o Exército Brasileiro entrou em Salvador consolidando a retomada da cidade e fim da ocupação portuguesa no Brasil.
Com a independência política da Bahia foi necessário criar um Brasão de Armas. Ele tinha que representar os valores materiais e simbólicos da conquista, sem esquecer das batalhas e lutas que foram necessárias. Muitos estudos foram realizados e o povo teve a oportunidade de interferir. As idéias populares tornaram-se projetos na Assembléia Legislativa, em 1947.
Depois de analisados os projetos, a Câmara dos Deputados teve,em mãos, um projeto que reunia todos os pontos de vista, quer heráldico, político, espiritual ou tradicional e assim foi criado o Brasão ao 2 de Julho.
Constituem o Brasão de Armas baiano, os seguintes símbolos:
:: Estrela simbolizando o próprio estado como timbre.
:: Escudo azul com um contra-chefe saindo do bordo direito que mostra a popa cuja vela está içada. Nesta embarcação está um marujo acenando para a praia com um lenço, podendo avistar o Monte Pascoal.
:: Insígnia: dois tenentes dispostos sob um listel azul com a inscrição do lema “Per Ardua Surgo” que quer dizer “Pela dificuldade eu venço”.
:: O primeiro tenente, um homem semi-nú com uma bigorna personificando a indústria local.
:: O segundo tenente, uma mulher usando chapéu frígio com a bandeira da Bahia personificando a República.
:: Logo acima do timbre a inscrição Estado da Bahia e, ao pé do Brasão a palavra Brasil.
Hino – Com letra de Ladislau dos Santos Titara e música de José dos Santos Barreto, o hino ao Dois de Julho foi considerado como o oficial da Bahia, em abril deste ano. “Ele é entoado todos os anos, faça chuva ou sol, mas sempre de uma forma renovada. Além disso, todas as frases são pequenas, de modo que fica fácil para o povo cantar”, revela Socorro.
Conheça a letra do Hino "Dois de Julho"
(Hino Oficial da Independência da Bahia)
Letra: Ladislau dos Santos Titara
Música: José dos Santos Barreto
Nasce o sol a 2 de julho
Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
Até o sol é brasileiro
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Salve, oh! Rei das Campinas
De Cabrito e Pirajá
Nossa pátria hoje livre
Dos tiranos não será
Cresce, oh! Filho de minha alma
Para a pátria defender,
O Brasil já tem jurado
Independência ou morrer
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